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  • Writer's pictureCarlos Seixas

O PEIXE, A ISCA E O ANZOL

Nas mensagens anteriores falamos da importância de conhecermos a realidade se pretendermos transformá-la. Mas, existe um fenômeno que devemos discutir antes de buscarmos esse conhecimento: o engodo que aparece para nos distrair, levando-nos a esquecer o que é básico e nos agarrarmos a ilusões que não resistem a uma análise simples. As premissas convergem com as conclusões? Muitas vezes não. E nós paramos para pensar nisso? Muitas vezes não. E adquirimos ideias e produtos que não servem para nada, exceto extrair recursos nossos, sejam dinheiro ou tempo? Muitas vezes sim. Frequentemente somos apresentados a pseudo soluções para algo que nos incomoda, sob o argumento de que “agora sim, você tem a solução para o que te angustia, e você nem vai pagar tanto por isso”. As redes sociais nos inundam de mensagens a todo momento, e são o veículo ideal para tentar nos iludir. Vocês sabem por que, quando a Internet começou a operar, havia um valor baixo para ter acesso a ela? Um estudo foi feito na época e se chegou à conclusão de que o tal valor (que na época era algo em torno de R$25,00/mês, se não me engano) era baixo o suficiente para que ninguém pensasse muito antes de gastá-lo. A Internet é a fonte de grandes “verdades eternas”, e é exatamente isso a que somos submetidos todo dia. Desde antenas milagrosas que acabam com os custos de acesso a TV a cabo, até produtos que fazem com que percamos peso rapidamente, produtos que rejuvenescem até os muito idosos (ao menos temporariamente), roupas que nos fazem mais bonitos mais fortes ou mais encantadores, ou que prometem lavar nossas roupas sem usar sabão, e ainda produtos que medem coisas miraculosas em nossos corpos, nos ajudando a evoluir sem que tenhamos que perder tempo fazendo exercícios desagradáveis e incômodos. Nós não gostamos de sair de nossa zona de conforto. Por mais que falemos na importância de não usar drogas, muitos ainda usam, sob as mais variadas justificativas. Mesmo que provemos o tempo todo que o excesso de peso é danoso para nós, ainda assim continuamos ingerindo uma grande quantidade de alimentos, muito acima de nossas necessidades, o que provoca um aumento do peso corporal e uma deterioração de sua qualidade (menos músculos, mais gorduras localizadas). E os discursos são criativos e ardilosos, para ingerirmos o desnecessário. Os vendedores não se preocupam com os efeitos maléficos, se auferirem lucros com o resultado. Na questão das medições do corpo, já vimos promessas criativas que pretendem, a partir de medições nem sempre precisas, nos orientar para o cotidiano. A pressão arterial medida de qualquer forma e sem qualidade, a frequência cardíaca medida de forma incorreta, ou até nem mesmo conhecida, produtos que utilizam impulsos elétricos para substituir a atividade física e remover gorduras localizadas, medições de frequência cardíaca baseadas na fotopletismografia (PPG) no pulso ou na testa dos usuários sem que percebamos suas limitações etc. Recentemente, a mesma tecnologia foi empregada para medir oxigênio dissolvido ou ácido lático em outras partes do corpo – na coxa do atleta, por exemplo. Mesmo que tenhamos as informações corretas, se não soubermos o que fazer com elas não serão úteis, e podem nos levar a uma falsa sensação de segurança. Associadas a essas medições, outras funções são ofertadas, das quais alguns dos objetos de desejo mais populares são o GPS, as telas de toque coloridas, a possibilidade de transformar um relógio de pulso em um aparelho celular, ou de TV etc. Esquecemos, ou somos levados a isso, duas coisas importantes: Do que REALMENTE precisamos e PARA ONDE ESTAMOS INDO? Estará o nosso corpo se deteriorando ou evoluindo? Existe alguma morbidade se instalando? Estamos perdendo nossa flexibilidade? Nosso estresse está aumentando, e como consequência a qualidade de nosso pensamento se reduz? E se isso acontecer – a redução de nossa cognição – quem se beneficia? Em nosso e-book destinado ao Consumidor Final discutimos algumas dessas questões, e pretendemos trazer mais reflexões ao tema, e consequentemente, melhores decisões. Ser atraídos por algo que nos ilude, nos leva ao título desse texto. Voltaremos ao tema.


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