Nesse tempo de tantas leis que tentam se opor ao comportamento social inadequado, também nos inspiramos a nos opor a outros comportamentos, que se não são socialmente inadequados, são naturalmente inconvenientes. Leis Anti-Fumo, ou Anti-Bebida Alcoólica na Direção, a famosa “Lei Seca”, chamam a nossa atenção para a necessidade de modificar procedimentos de terceiros que, se já foram vistos como irrelevantes, ou até objeto de modismos, hoje são identificados como uma invasão de nossa própria individualidade. Ninguém quer ser um “fumante passivo”. A ciência já identificou que um fumante ativo sempre interfere nos índices de salubridade do ambiente em que está, e se o ambiente é fechado, diretamente na saúde dos demais que estejam no mesmo ambiente. Ninguém quer ser atropelado por um louco que dirige embriagado. Os exemplos de acidentes fatais são diários, produzidos em muitos casos por aqueles que perderam a noção da realidade por ingerirem bebidas alcoólicas além dos limites aceitáveis pelo corpo. Mas será que o sedentarismo nos incomodaria da mesma forma? O que perdemos, se admitirmos a existência de pessoas completamente sedentárias ao nosso redor? Será que isso nos traria riscos ou inconvenientes para nossa própria saúde? Provavelmente não, mas certamente traria custos que não gostaríamos de suportar. Mais pessoas sedentárias significa, ou pode significar, mais cardiopatas, mais diabéticos, mais obesos, mais pessoas com problemas de mobilidade, mais pessoas com problemas do aparelho digestivo, e tantas outras coisas que gostaríamos de evitar. Significa também uma vida útil menor e menos feliz, sofrimentos desnecessários, tensões emocionais de todo tipo, para não falar nos distúrbios do aparelho cardiovascular, alguns deles silenciosos e mortais como a hipertensão arterial, a dislipidemia, etc. Todos esses problemas significam que uma parcela saudável da população terá maiores encargos financeiros, direta ou indiretamente, para cuidar da parcela menos saudável. Mais leitos de hospital ocupados por pessoas com doenças derivadas de seus próprios comportamentos. Uma análise estatística, que os médicos sabem bem fazer, poderia indicar a incidência de outras doenças associadas ao sedentarismo, como certas formas de câncer, distúrbios hepáticos ou da pele etc. Se tudo isso é verdadeiro, quero ser protegido. Eu quero uma Lei Anti Sedentarismo. Eu quero uma Lei que obrigue esse segmento, que é mais de 50% de nossa população, a se mexer e sair de sua letargia, reduzindo os custos que a parcela saudável da sociedade é obrigada a suportar. Vamos usar esses valores desperdiçados para melhorar a educação das crianças, uma vez que os mais velhos já estão fora do alcance de grandes mudanças de comportamento. Vamos usar essa economia para construirmos mais praças, plantarmos mais árvores, despoluirmos as águas, investirmos nas artes. Vamos deixar de gastar em doenças que podemos evitar, para usar esses recursos em coisas que podemos construir, para o bem de todos nós, e nossas futuras gerações. Finalizando, Senhores Legisladores, uma Lei Anti Sedentarismo poderia levar as pessoas a despertar e se conscientizar do mal que fazem a si mesmos, porque viverão menos e pior, e aos que lhes são caros, por que farão com que custos e sofrimentos que podem ser evitados, sejam compartilhados com nossos entes mais próximos. E se tais entes mais próximos são o que chamamos de “entes queridos”, porque não pensamos no bem-estar deles também, evitando tudo isso? Basta uma pequena mudança de comportamento. Nós podemos ajudar vocês a fazerem isso. Vamos conversar a respeito?
Carlos Seixas